Páginas

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ídolos


Antes de mais as sinceras desculpas por esta ausência (pouco notada é certo). Mas os novos voos profissionais e pessoais têm-me mantido afastada da televisão. No entanto, hoje, num dia chuvoso e cinzento, decidi pedir a companhia do Steve e aqui estou eu, sentada na cama, quentinha e agarrada a uma manta, como senhora de setenta anos a ver os Ídolos. Claro que se fosse uma senhora de setenta anos à partida estaria neste momento a ver os meninos da tvi com o gouchinha e a julinha.
Na tv um rapaz com um lenço (que o acompanhou em todos os castings) grita como se lhe estivessem a apertar o rabo com uma tenaz em chamas. E está neste preciso momento a assassinar Roby Williams com todas as forças. Confesso que vi todos os programas até agora. E não concordo com nenhuma da áthithude que a senhora do júri brasileira insiste em dizer, às dúzias por programa. Gostei dos castings iniciais, ri-me imenso e acho que de facto, a maior parte dos nossos jovens não tem noção das figuras tristes que fazem à procura de serem um futuro ídolo.
Como pessoa com inteligência limitada que sou, confesso que não sei quais as características que um ídolo português tem de ter. Pensando bem, e vendo o que se vende em Portugal, talvez um rapaz com a voz esganiçada da Rita Guerra, o charme pimbalheiro do famoso Leandro, que grita com voz melancólica, que mal te fiz eu?, uma atitude de ancas de Micael Carreira e os famosos saltos dos fantásticos DZRT desse resultado. Mas os jurados fantásticos dos nossos ídolos, que percebem absolutamente de música (um é director da FHM e fala de sapatos e cabelos em todos os programas) a outra é conhecida por estar ligada ao Rock em Rio (e sabe apenas duas palavras: áthithude e cárissma) ainda não se lembraram de pedir uma figura carismática destas e vão mandando piadas para o ar, tentando assustar os nossos jovens e futuros promissores artistas.
Adiante. O que me impressiona mesmo é a fantástica convicção e quão a sério o pessoal de hoje em dia leva isto. Qual festival da canção? Esta gente chora baba e ranho e mais baba e mais ranho, dizendo a plenos pulmões e garganta afinada que este é o seu sonho. E estão tão convictos das suas qualidades que até dói. O próprio apresentador diz “o ouvir um não nesta fase é arrasador”. E nem um Camões teria capacidade de transmitir o drama e o estilhaçar de sentimentos (é lá! Estou erudita) que esta gente sente.
BHA! É este o estilo do programa e acredito que dê audiências, mas é triste ver o que vai na cabecinha dos nossos jovens. Houve um que deixou a matrícula da faculdade ir à vida para ir às audições. Mas o que é que este pessoal espera por quinze minutos de fama?
E pronto estão escolhidos os fantásticos quinze finalistas. Mudo agora para a TVI esperando o regresso dos DZRT. Como fã absolutamente doida por este tipo de música, penso já na quantidade de cabelos que vou arrancar. Ah!!!! Os sacrifícios que uma pessoa não faz para vos pôr a par destas coisas maravilhosas.