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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Natal parte 3 - Natal dos Hospitais


Num triste e frio Domingo à tarde, ainda no rescaldo do natal, com mais umas quantas gramas em cima (para não dizer quilos e ficar já deprimida) aqui estou eu, em frente à lareira, de computador nas pernas e a olhar para a Lolita com um ar de extrema admiração.
Um esclarecimento antes de mais: quem é a Lolita, que assim de repente, nos aparece a páginas tantas, vinda do nada? A Lolita é a televisão de casa dos meus pais, minha companheira de infância, aventuras e desventuras e que veio substituir a Sofia há uns dez anos. Ah! Como eu recordo a Sofia, uma televisão branca por fora, com uma antena em forma de tripé que abanávamos à procura de sinal e que reagia pacientemente aos nossos murros (principalmente os do meu pai) quando em dia de futebol se recusava a dar imagem…
A Sofia foi presente de casamento dos meus pais e durante uma dúzia de anos fez companhia cá em casa. A preto e branco durante muito tempo, empoleirada no móvel da cozinha recusava-se a apanhar sinal de outro canal que não a RTP1. Uns anos mais tarde, decidiu-se a passar então os outros três canais e deu-me a possibilidade de assistir a programas fantásticos como o Big Brother e outros. Mal sabia a Sofia que o facto de terminar com a birra e permitir-se a mostrar outras estações televisivas seria o fim dela, comigo sempre a mudar de canal, rodando o respectivo botão (não havia cá comando remoto, prenúncio de modernidade) de cinco em cinco minutos.
A substituí-la veio então a Lolita e Libório, a primeira para a cozinha e o segundo para a sala, sempre em incursões até ao meu quarto quando cá venho. E claro, ambos de outra geração, fizeram-se acompanhar das respectivas cores, dos respectivos comandos, sempre prontos e afáveis, decididos a transmitir os quatro canais e até mais se assim houver vontade. No entanto, não obstante ambos serem fiéis amigos, suportando os meus momentos de tédio que me assolam na aldeia, sorrindo e aguentando todas as minhas birras e impaciências em nada se comparam à Sofia, que terminou triste, como monte de sucata no meio do ferro velho e coisas feias na oficina do meu pai, ainda branca, com a antena de tripé reduzida a nada. Paz à sua alma. Longa vida no céu das televisões amiga!!!
E lembrei-me agora da Sofia, com a nostalgia do Natal porque foi nela que vi durante toda a minha infância esse icónico e deslumbrante programa chamado “Natal dos Hospitais”, e que hoje está a passar em repetição na RTP1. Era sem dúvida o programa do ano em família, com os meus pais e os meus avós às vezes, sentados em frente à Sofia, a ver cantar gente fantástica e bela, com passos ensaiados para gente triste e doente. Cantávamos em conjunto, em ares de pessoas inteligentes que sabiam a música da moda. Ah que saudades desse tempo. Foi graças a esse culto programa que vi crescer pessoas lindas como Rute Marlene, sempre despida, sempre loira, sempre com os mesmos passos, ou Romana que me presenteia neste momento, com o mesmo cabelo de há anos, os mesmos gestos e o mesmo tipo de música. A minha cultura pimba deve tudo ou praticamente tudo a este programa e estou agradecida por isso.
Não posso crer no quanto aprendi, das vezes que vi heróis de infância, garbosos e galantes, como José Alberto Reis que ainda há bocado me fez, em serenata triste, relato de uma música melancólica e mórbida. Não liguei sequer ao comentário da minha mãe (olha este ainda é vivo?), sem sentimentalidade. Claro que o homem é vivo, sempre igual. Pergunto-me às vezes se esta gente quando se olha ao espelho não se assusta por cantar as mesmas coisas e ser igual há dez anos atrás. Pessoas morreram, pessoas nasceram, o mundo mudou, é permitido as pessoas do mesmo sexo casarem-se (ou quase permitido). Uma revolução de mentalidades e esta gente, sempre igual, sempre sentimentalonas, sempre sem graça, não muda! Que deprimente.
Agora tenho o prazer de ouvir Luís Filipe Reis, com um fino e sempre na moda conjunto de casaco e calça de veludo branco. Mas também há novidades, como esta Magui, que com um cabelo longo e mal pintado, com as raízes pretas a contrastar com o cabelo loiro oxigenado, um vestido dourado e a gritar a plenos pulmões “Change” (evidentemente que todo o português médio, que assiste a este programa sabe o que quer dizer Change).
Mas pára tudo!!! Neste momento Leandro, com um fatinho preto a duas bailarinas atrás canta com voz melancólica qualquer coisa que me recuso a ouvir, por me tocar no coração com veludo e na alma. Diz ele que pode dar o corpo a outra mulher mas o coração será sempre meu (dela, neste caso). AH! Que coisa linda. A minha dúvida de sempre e que me coloca em questões existenciais é o porquê das bailarinas atrás, com um vestido fenomenal de lantejoulas, com passos nada forçados mas bastante fluentes e bem executados. Porque isto até podia ter um pouco de credibilidade mas com aquelas duas, lá se vai tudo. Eu como fã deste homem roo-me de ciúmes. Que promessas são as dele, de que pode dar o corpo a outras mulheres mas o coração será meu? Com aquelas duas atrás, vai coração, alma e tudo, olha que belo.
E pronto, lá vai todo um sem número de artistas com tamanha qualidade que me faltam as palavras… Desde Marco Paulo com os braços abertos, a Ágata, a uns fulanos que dizem que não me levam à América, Emanuel… Enfim, estou extasiada com tanta categoria. Faltam-me as palavras!
Só tenho mesmo fôlego para uma constatação: se este marejar de artistas portugueses arrancarem sorrisos a pessoas que sofrem naquele hospital, então perdoem-me estas críticas tão suaves e continuem assim. E a Lolita que me perdoe por ter de transmitir tanta qualidade. Dias não são dias.

P.S. – E agora, que são horas de jantar, afasto as batatas fritas e a carne da frente da mesa e ponho-me em histeria completa, com ares de doida pronta a arrepelar cabelos, louca, estouvada porque o meu Ídolo Micael Carreira, esse Grande da música, com a voz forte e sonante, com um movimento de ancas inigualável (o homem podia perfeitamente dar à luz sem necessidade de aulas de parto) encanta-me com uma música belíssima. Estou tão histérica que a minha mãe pensa, tenho a certeza, em dar-me as estaladas que me devia ter dado em criança. Mas sejamos francos, ninguém aguenta tanta qualidade! AIIIIIIIIIIIIIIIIIIII. (Tirem-me daqui.)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Casamento não! Piaçaba! (mas com classe)


Não sei o que mais me diverte nesta história dos casamentos entre homossexuais. Porque de facto é essa a palavra correcta. Diverte-me. E não sei se rio mais com o facto de ver como os nossos representantes nos acham maluquinhos da cabeça ou os comentários infelizes da oposição.

Começando pelos nossos representantes: antes das eleições, por mais vezes que esse tema pudesse ser chamado, nunca se avançou devido a uma necessária e adiável reflexão, que exigia que naquele momento, meses antes de o pessoal ir às urnas, não se pensasse no assunto (não fosse isso mudar votos). Meses depois das eleições reflectiu-se o suficiente para se decidir tal coisa sem se perguntar à população, em referndo o que acha ela dessa mudança de paradigma.

Passando à oposição: o medo do PSD e a necessidade de ser politicamente correcto não sendo contra nem a favor mas dando-lhe outro nome (concordo com isso desde que se siga a ideia dos nossos humoristas Gato Fedorento e lhe chamemos Piaçaba) e as declarações de um deputado qualquer que se insurgia contra lei dizendo que podia ser um precedente para casamentos entre pais e filhos. E esta hem? Não sei se ria, não sei se chore. Concordo com o senhor no topo da pirâmide dos malucos que diz que o país tem mais com que se preocupar do que com isto...

E o circo continua com a comunicação social a agradecer.

A minha opinião não é de todo para aqui chamada porque acredito que as simpáticas pessoas que passam por aqui os olhos tenham mais que fazer que saber o que penso disso... mas ainda assim adianto, que esse critério cego de tratar por igual o que é necessariamente diferente choca com aquilo que sou. Tratemos as coisas iguais como iguais e as coisas diferentes por diferentes. A união entre dois homens é isso mesmo... uma união entre dois homens. Nada mais. Porque um renualt 5 apesar de andar, ter quatro rodas, um volante e um motor nunca será um audi apesar deste ter também 4 rodas, um volante e um motor. (esta comparação está de bradar aos céus.... mas tenham dó. Isto põe-me doente)

Natal - Parte 2


É triste que o diga aqui, neste pseudo blogue sobre televisão, mas definitivamente odeio o Natal. Odeio as luzinhas a tremer, o frio e a neve, os pais natais assustadores dos supermercados com ares de psicopatas malucos (mas é perfeitamente normal que tenham esse ar depois de aturarem o dia inteiro miudos mimados a pedir brinquedos que não lembram a ninguém), os chocolates que comi às duzias até enjoar, as trocas de prendas sem utilidade. Enfim. Odeio esta quadra e mal posso esperar que acabe.

A prova provada desse facto incontestável aconteceu ontem, dia 22 de Dezembro às sete horas da tarde. Saí do escritório, com a porcaria das botas de salto a assassinarem-me os pés e fui à Bertrand do Fórum (passo a publicidade mas enfim) gastar o meu cheque oferta que alguém teve o bom senso de me oferecer como presente. Mal entrei na livraria perdi-me. Confesso que me transformo em criança mimada a ter de escolher apenas uma coisa perante as mil e trinta e duas que quero trazer. Livros e chocolates pôem-me doida, num outro mundo qualquer. quero trazer tudo, pego em todas as coisas e quase choro por ter de escolher só uma... uma tortura.

Passado uma hora e meia, esquecida da dor de pés e de costas, em pé, baixada, lutando absurdamente com um senhor que devia ter um problema qualquer na cabeça e que me seguia por todas as prateleiras com um ar doentio de maluco fugido, dois putos que se enrolaram no chão em bulha rasgando uma revista em pedacinhos e um senhor idoso que atravancou toda uma secção com um mapa mundi gigante que se desdobrava em metros, consegui fazer a selecção dos trinta livros que queria trazer para três.

Com a sensação de missão cumprida, com José Luis Peixoto, Eça de Queiros e Juliette Marillier nas mãos, ainda atarantada com o doido, os putos e o velhinho dirigi-me à caixa.... e não é que, pela primeira vez em toda a minha vida vi uma livraria com uma fila para pagar que chegava até à porta? Eram umas trinta pessoas à minha frente, que tenho a certeza levavam claramente livros para oferecer que na maioria nunca vão ser lidos, esquecidos em estantes até amarelecer. Resultado: depois de hora e meia para escolher três livros e meia hora na fila, vim embora sem nenhum. Com um ódio de morte a tudo o que sejam presentes e gente incontrolável a gastar como se não houvesse amanhã. E depois vêm os saldos. Olá consumismo!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Palhaçada


Têm sido dias de circo lá para os lados da nossa governação. Pena que eles sejam os palhaços ricos e nós os palhaços pobres!


Estou estarrecida com o nível cultural dos nossos máximos representantes. Confesso que neste momento sinto um enorme alívio por haver essas reuniõesinhas onde os nossos maiores, eleitos pelo povinho que somos nós, se aglomeram em amenas cavaqueiras e discutem questões pertinentes, com um ar entediado ao mesmo tempo que insultam mutuante, com um nível de formação superior.


Episódio: Guerra Aberta, sem murros, nem encontrões, nem mesmo umas arranhadelas entre Maria José Nogueira Pinto e um deputado qualquer (que não sei o nome nem me apetece ir pesquisar mas que era feio e falava mal), numa ligeira e entediante troca de palavras.


E que coisa! Isso não é representar o povo. O que me revolta, confesso, não é a discussão, a perda de tempo daqueles senhores (que nós pagamos) a dizerem “Vossa Exa. é um palhaço”, enquanto o outro diz, “não! Vossa Exa., é que apesar de ser tanto tempo deputada não serve para isto!” Ao qual ela responde “Vossa Exa. é um inimputável”. Não é isso que me chateia. Na verdade o que não concordo é com os insultos desferidos. Porque não são eles representantes do povo? Então o povo não se insulta assim!


Se não vejamos. O Zé da esquina, quando descobre que o Manel da Laura andou enrolado com a sua mulher, chega à tasca do ti António e sentadinho diz-lhe “Oh Vossa Exa., você é um palhaço que não serve para a sua vida de ferreiro e que teve relações de cariz íntimo com a minha mulher.” Não! O que ele faz é chegar, dar dois bofardos na cabeça do outro e desferir uma série de palavrões que vão desde oh seu “c……”! Então oh filho de uma p…! Mas tu andas a f…. a minha mulher?”
Isto sim são insultos graves. Isto sim merece a atenção da comunicação social. Agora palhaço, inimputável? Onde está o verdadeiro povo ali representado? A maior parte dos portugueses nem saberá o que significa inimputável!
E depois a classe das respostas acerca do palhaço dá toda uma tese, misturando o natal e o bom humor.
Que tédio! Que ridículo! Que desperdício de tempo! Que bom uso faz aquela gent(inha) do dinheiro que somos obrigados a dar-lhe.
Que grande palhaçada. E que insulto aos profissionais do circo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Natal - BHAAAAA


Estou absoluta, incondicional e irremediavelmente deprimida. Deprimida ao ponto de me atirar da janela (não fosse este um rés do chão) comer chocolate (e não tivesse eu aqui tantos) e ficar de pijama o resto do dia.
A história é rápida e conta-se de um fôlego. Domingo, quase véspera de feriado, chove a cântaros, potes e picaretas e eu decido sair de casa. Na mente um destino específico com um claro objectivo: ir ao supermercado mais próximo e comprar papel higiénico, amaciador para a roupa, maçãs e uma lembrança de natal, simples e barata para dar à colega de escritório como presente do tradicional amigo secreto. Simples. Compras quer o normal português é obrigado a fazer. Nada que não se faça em meia hora.
Enfim. Mal ponho um pé fora de casa e uma bátega de chuva presenteia-me com o meu banho mensal. Quando chego ao Fórum (é mesmo a superfície comercial mais próxima de minha casa) estou encharcada mas relativamente bem-disposta. É que há luzes de Natal, uma música de Natal, um espírito natalício e cores de natal. E eu até gosto desta quadra.
No entanto, a minha boa disposição parece ser sol de pouca dura. Entro na primeira loja e sou, literalmente engolida por uma multidão de gente, que com um destino específico e uma missão clara remexe em prateleiras, roupa interior, cachecóis e sapatos, com um ar compenetrado de encargo a ter de ser feito. No ar uma musiquinha tipicamente natalícia que encharca o ambiente de sininhos e coisinhas. Na segunda loja que visito começo a ficar chateada. A mesma multidão a remexer em saleiros e pratos e velas, indistintamente, ao ritmo da musiquinha com os sininhos e coisinhas. Na terceira loja entro já irritada, respondo mal à vendedora que quer a todo o custo que traga para casa umas pantufas com 15% de desconto, (e que claramente eu nunca iria calçar) empurro a multidão que experimenta sapatos com o mesmo ar concentrado das lojas anteriores e praguejo em surdina para a musiquinha e os sininhos que me começam a dar cabo dos nervos. Desisto de entrar na quarta loja.
Dirijo-me então à parte do supermercado em si, preparada para comprar o meu papel higiénico e maçãs e amaciador para a roupa. Mas, mal entro, sou assoberbada por uma multidão que compra atum e salsichas e massa com o ar de quem tem necessariamente de gastar o subsídio de natal em dois dias. E não é que a porcaria da musiquinha com os sininhos e as coisinhas continua? Pior! Há centenas de chocolates, espalhados e colocados artisticamente entre produtos íntimos, frutas e vegetais e pastéis frescos. Quase desmaio com tanta cor (e o raio da musiquinha que não se cala). Perco-me. Fico doida, fora de mim perante a perspectiva de tanto açúcar. Quando dou conta estou especada em frente à prateleira dos enchidos a apreciar uns bombons cor-de-rosas e indecisa se os dourados não serão melhores, ao mesmo tempo que dou uma olhada ao preço do presunto.
Resultado: Demorei uma hora. Uma hora perdida entre prateleiras, brinquedos foleiros e putos a chorar e trouxe num saco colorido que achei bonito, com a cara de um gordo vestido de vermelho, uma caixa de chocolates embrulhados em papel cor-de-rosa, outra caixa dourada e uma caixa rectangular a deixar adivinhar bombons em forma de crustáceos. Não satisfeita, e perante uma indecisão de morte adicionei ao saco duas tabletes de um chocolate com amêndoas… e triste, o mais triste, uma caneca gigante com uns bombons que são claramente enjoativos mas que estão embrulhados num papel às florinhas. Do amaciador, das maças e do papel higiénico? Nada! Evidente que posso passar sem o amaciador e as maçãs até amanhã! Mas sem o papel higiénico depois de tanto chocolate? Tenho as minhas dúvidas.
E eu que até gostava do natal.

O que tem a televisão a ver com isto? Tudo! Sou presenteada todos os dias com uma hipopótama gorda a cantar rap, uma ave feia com o nome da minha tia a prometerem um dia de natal muito feliz rodeado de muitas compras. E essas ondas subliminares, que me obrigam a comprar presentes para pessoas desconhecidas, fazem com que o meu domingo e as minhas compras, tão simples e fáceis sejam de repente transformados em prova de obstáculos com pessoas a impedir-me a passagem, uma tentação de açúcar e a musiquinha a dar cabo dos nervos do mais santo! Ah a musiquinha!

P.S. Vejo um intervalo de um filme a passar num canal televisivo durante 10 minutos. Ouço 13 vezes a palavra natal, 6 anúncios de brinquedos, um anúncio a filmes de cinemas no natal, dois anúncios a campanhas de um supermercado no natal, 4 anúncios a chocolates, 6 anúncios de perfumes, 1 anúncio a uma emissão do canal televisivo que anuncia esperança. Mudo de canal, mais um intervalo: anúncio a dois filmes de natal, 7 vezes a palavra natal, 8 anúncios a brinquedos, 2 anúncios a perfume, um anúncio a supermercado com produtos de natal (exactamente o mesmo onde estive há minutos) e uma campanha de natal de um supermercado.
Descubro que a minha sanidade mental foi perdida de vez quando suspiro de alívio por ver o Cristiano Ronaldo a falar de um champô! Socorro!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Senhor deputado tenha juizinho


Senhor deputado, tenha juízinho é simplesmente das melhores frases dos últimos tempos. Porque nunca o nosso primeiro disse coisa mais acertada, num momento de lucidez extrema, a um dos representantes dos maiores partidos portugueses.

Não entendo da indignação de paulo Portas perante esta frase de José Socrates que lhe foi dirigida. Pois não deviam eles todos ter juizinho? Em de se comportarem como donzelas inocentes e governarem com a inteligência de um peixe num aquário, deviam era ter juízo naquelas cabeças já de si ocas e não cometerem as parvoeiras que estão a fazer.

O que mais me causa ansiedade, num nervosismo efervescente é saber que cada vez mais os nossos representantes se esforçam por ter na Assembleia o comportamento de paises instruidos em que os politicos resolvem tudo à pancada. De certeza que tal sistema, numa maioria relativa vai ser implantado não tarda... e eu começo já em frenesim por imaginar José socrates com um olho negro. Aí é que se vai a credibilidade de Portugal... o homem mais sexy sem olho?

Se já temos um verdadeiro guião de filme de espionagem, ao jeito de filmes de guerra fria, com essa porradita, podiamos ter um verdadeiro Indiana Jones... e aí sim, valia a pena vermos o canal por cabo da Assembleia da Republica. Verdadeiro entretenimento a cores.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ídolos


Antes de mais as sinceras desculpas por esta ausência (pouco notada é certo). Mas os novos voos profissionais e pessoais têm-me mantido afastada da televisão. No entanto, hoje, num dia chuvoso e cinzento, decidi pedir a companhia do Steve e aqui estou eu, sentada na cama, quentinha e agarrada a uma manta, como senhora de setenta anos a ver os Ídolos. Claro que se fosse uma senhora de setenta anos à partida estaria neste momento a ver os meninos da tvi com o gouchinha e a julinha.
Na tv um rapaz com um lenço (que o acompanhou em todos os castings) grita como se lhe estivessem a apertar o rabo com uma tenaz em chamas. E está neste preciso momento a assassinar Roby Williams com todas as forças. Confesso que vi todos os programas até agora. E não concordo com nenhuma da áthithude que a senhora do júri brasileira insiste em dizer, às dúzias por programa. Gostei dos castings iniciais, ri-me imenso e acho que de facto, a maior parte dos nossos jovens não tem noção das figuras tristes que fazem à procura de serem um futuro ídolo.
Como pessoa com inteligência limitada que sou, confesso que não sei quais as características que um ídolo português tem de ter. Pensando bem, e vendo o que se vende em Portugal, talvez um rapaz com a voz esganiçada da Rita Guerra, o charme pimbalheiro do famoso Leandro, que grita com voz melancólica, que mal te fiz eu?, uma atitude de ancas de Micael Carreira e os famosos saltos dos fantásticos DZRT desse resultado. Mas os jurados fantásticos dos nossos ídolos, que percebem absolutamente de música (um é director da FHM e fala de sapatos e cabelos em todos os programas) a outra é conhecida por estar ligada ao Rock em Rio (e sabe apenas duas palavras: áthithude e cárissma) ainda não se lembraram de pedir uma figura carismática destas e vão mandando piadas para o ar, tentando assustar os nossos jovens e futuros promissores artistas.
Adiante. O que me impressiona mesmo é a fantástica convicção e quão a sério o pessoal de hoje em dia leva isto. Qual festival da canção? Esta gente chora baba e ranho e mais baba e mais ranho, dizendo a plenos pulmões e garganta afinada que este é o seu sonho. E estão tão convictos das suas qualidades que até dói. O próprio apresentador diz “o ouvir um não nesta fase é arrasador”. E nem um Camões teria capacidade de transmitir o drama e o estilhaçar de sentimentos (é lá! Estou erudita) que esta gente sente.
BHA! É este o estilo do programa e acredito que dê audiências, mas é triste ver o que vai na cabecinha dos nossos jovens. Houve um que deixou a matrícula da faculdade ir à vida para ir às audições. Mas o que é que este pessoal espera por quinze minutos de fama?
E pronto estão escolhidos os fantásticos quinze finalistas. Mudo agora para a TVI esperando o regresso dos DZRT. Como fã absolutamente doida por este tipo de música, penso já na quantidade de cabelos que vou arrancar. Ah!!!! Os sacrifícios que uma pessoa não faz para vos pôr a par destas coisas maravilhosas.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Aqui estou eu a ver uma birrinha infantil entre Paulo Portas e José Sócrates. Mas que raio de situação é esta em que o nosso Primeiro, com tantas realidades importantes para debater não faz outra coisa se não perguntar “votou ou não votou?”. Mas será que o cd riscou nessa palavra? Não se aguenta.
Ao mesmo tempo a jornalista é uma incompetente, de pele esticada e voz a tremer, com lapsos e gaguez a que nenhum dos intervenientes passa cartão. Politica no seu melhor… ou pior neste caso. Santa paciência. Nem as minhas primas de quatro e seis anos se comportam com tamanha infantilidade.
Ninguém com o mínimo de sanidade aguenta. Estes tipos estão prestes a matar-se, falando com voz suave e tratando-se de forma delicada. Antes tivessem uma espada cada um e resolvessem a coisa a duelo. Talvez tivéssemos a sorte de nos livrar de tanta incompetência. E já agora a jornalista também. Antes, e nunca pensei dizer isto, Manuela Moura Guedes. Ao menos sempre se faria ouvir.

E não posso crer que José Sócrates tem piada. Terá visto ele o fantástico e culto filme “Sei o que fizeste no Verão Passado?”. É este o nível da nossa política? Acabar um debate entre dois cultos intervenientes da democracia com a cultura de um filme que nem sequer é português? Se é para promover a cultura ao menos que fosse de algo nacional como… “meu querido mês de Agosto”.
E para terminar em grande, a familiaridade da jornalista dizendo que Manela será a próxima interveniente. Lindo. Lindo.

terça-feira, 7 de julho de 2009




Cristiano Ronaldo:
Olha lá pá! Tu desculpa-me esta carta aberta. Mas tens que ouvir umas coisas. Que sejas a transferência mais cara de sempre… tudo bem. Que ganhes 25000€ por dia… nada que me apoquente. Que conheças tão doces texturas como Paris Histon, Nereida, Merche Romero… pá, na boa. Que os telejornais percam na tua apresentação a um clube meia hora… não me faz mossa. Agora que me roubes as ideias meu grande vagabundo, não. Pá, se me voltas a roubar dos versos e fazer um discurso para centenas de milhar de pessoas a plagiar o que escrevo temos problemas. Porque se eu plagio e tu me plagias a mim temos o caldo entornado.
Joga lá a tua bola, move lá os teus milhões. Deixa a minha música em paz.
Sonho de menino? Sonho de nino jogar no real Madrid? Essa frase é minha pá. Sonhos de menino tem direitos de autor.
Cumprimentos:
Toni Carreira.

domingo, 5 de julho de 2009


Não posso deixar passar os fantásticos cornos, perdão chifres, com que Manuel Pinho decidiu presentear Bernardino Soares. Dito assim parece outra coisa. Por isso acrescento apenas que o senhor teve espírito, teve garra, teve coragem para fazer aquilo que apetece a todos os senhores da Assembleia que, num tédio de morte, esperam ansiosamente estes pequenos fait-divers para o tempo passar mais depressa.
Não tenho muito a dizer. Num debate da nação alguém se zanga, faz com os dois dedos o gesto de cornos para um deputado. Triste? Talvez. Eu não lhe chamaria tal nem acho sequer que seja motivo para o senhor se demitir. Pois que coisa. Eles matam-se uns aos outros com palavras caras. Usam eufemismos para dizer que são todos uns filhos da… senhora mãe deles. Aquilo é um circo, bem o sabemos. O senhor apenas fez aquilo que vai na mente de todos. Não foi nenhum insulto grave, não foi nada de outro mundo. Foram só dois dedos… mas um ai deus me livre, que somos todos pudicos, que somos todos santos. Que somos todos civilizados. Um ova que somos. Somos de terceiro mundo. Ele apenas perdeu as estribeiras. Mais. Se o senhor tinha de demitir-se ou ser convidado a tal não era por brincar aos bois e mostrar cornos. Era sim por dizer mentiras, por governar mal o país. Essa sim era uma causa. Não dois dedos levantados.
Deixemos a hipocrisia de lado. Apetece-me dizer-lhe, porreiro pá!

Eleições - parte II




Sei que já é tarde, já se passaram semanas sobre o assunto, mas não posso deixar em branco as nossas fantásticas eleições europeias. E tenho tanta ideia na cabeça, tanta coisa por onde começar que as coisas se me embaralham, em novelos mal feitos e, não sei por onde principiar.
Antes de mais parabéns ao justo vencedor. Foi espantoso e confesso que não estava à espera de tal resultado. Desde logo porque achava que os portugueses não iam muito à bola com Rangel. Mas vai-se a ver, e também eles, como eu, não foram muito à bola com Vital Moreira, um incompreendido, um pobre senhor atirado para os meandros da politiquice, para os debates malandros. É evidente que o excelso Professor teria graves dificuldades em afirmar-se.
Repare-se. Falo com conhecimento de causa. Foi meu professor durante um ano. E era aterrorizador. Esmagava-nos com a sua sabedoria. Entrava na sala, abria da sebenta e vá de falar, mandando piadas que nem todos compreendíamos (eu só me ria 10 minutos depois), lançando ironias finas, sem nunca nos olhar nos olhos (sempre em frente para não haver abusos de confiança) e com uma agenda tão fantasticamente ocupada que mal acabavam as aulas, ainda nem tínhamos tempo de digerir a informação, já ele tinha fugido, nada de dúvidas, os meus assistentes encarregam-se dessas ninharias. Uma vez pensei fazer-lhe uma espera mas tive tanto medo que não concretizei os meus planos. Limitei-me a ir às aulas com ar esmagado com tamanha sapiência.
Enfim. Sócrates achou ser uma boa opção um académico para a Europa. Um senhor com credibilidade (a não ser para os senhores do PCP que lhe têm tanto ódio com ao ex-ministro da economia, Manuel Pinho, no seu ataque directo a Bernardino Soares), um senhor com ar de avô, um certo sorriso de galã, muita experiência de falar em público, nome sonante nos círculos do saber. Tudo isso é certo. Mas Sócrates esqueceu-se que essas eleições seriam preponderantes para todas as outras, que seriam resultados importantes. Mais que isso, Sócrates como engenheiro (?) que é, não teve aulas de direito, não sabia do jeito de Vital Moreira. Não previu pois o ar arrogante com o qual o Excelentíssimo professor nasceu. Não previu a falta de jeito para campanhas. E ele bem que tentou. Mas os sorrisos eram sempre amarelos, o contacto com as pessoas enjoados, como que se todas estivessem infectadas com a gripe dos porcos… Sócrates não podia adivinhar que tudo nele, numa campanha como aquela, era forçado. Que não conseguia vencer os adversários em debates, que não conseguiu chegar às pessoas… a minha avó que tem a quarta classe ainda me adiantou, em jeito de confidência, Ai filha eu sei que o senhor foi teu professor mas não lhe vou com a cara.
E de facto, nunca pensei viver para ver, o meu excelso professor, que não nos olhava nos olhos para evitar abusos de confiança, em ombros no mercado do porto, de braços levantados, com um ar aterrorizado de frete. Sócrates percebeu. Deixou para outros o destino do país, esqueceu-se que era primeiro-ministro e lançou-se, em autêntica ama-seca a comandar as hostes, numa esperança em milagres. O milagre não se deu. Sócrates ficou avisado… antes convidasse um dos seus professores engenheiros. Talvez tivesse mais jeito para a coisa.

Já o PSD ganhou mas, em meu entender, perdeu em credibilidade. Não demonstro aqui preferências partidárias nem ideologias. Mas não posso concordar com a imagem de Rangel, no discurso de vitória, de braços levantado. Rangel que mal se pronunciou acerca do futuro na Europa. Rangel que tentou humilhar adversários. Um Rangel suado, histérico, rodeado por autênticos putos mimados da JSD, também eles suados, também eles histéricos, que se esqueceram que se falava de politica e não de futebol e interromperam o líder de duas em duas palavras. Crianças mimadas que celebravam um vitória talvez sem saber sequer quais as propostas do líder, que falavam uns com os outros atrás dele, limpando de dois em dois minutos o suor. Um mau aspecto tremendo, uma falta de ética e de saber estar lamentável. Abespinhei-me. Porque tornamos democracia em palhaçada, em crianças e adolescentes que tinham mais mérito em estar em casa dos papas a jogar jogos de computador e a espremer espinhas. Foi feio. Foi triste.
Talvez por isso, quando Manuela Ferreira Leite surgiu a canalhada tenha sido afastada e surgiram atrás dela também um professor meu, com credibilidade e um pouco de solenidade que o momento exigia.
A política é uma palhaçada, bem o sabemos. Mas depois de 60% de abstenção, o justo vencedor não ter a noção do disparate em que incorria e do circo que os seus pupilos laçavam, foi custoso de se ver. Porque os 40% que se dirigiram à s urnas viram ali, em horário nobre, o resultado dos seus votos. Palhaçada.
E viva a democracia.

Eleições - parte I



Esta questão do Benfica fez-me sair do exílio dos exames e dar ar de minha graça. De facto, tenho mais que obrigação de saber e ter opinião acerca do assunto. E isto desde logo porque me tenho por Benfiquista. Não doente, nem sequer sócia… tal seria ir contra o meu estado actual… ora, eu sou neste momento uma mulher desiludida com o futebol. Odeio árbitros e jogadores, mediatismo e férias de gente iletrada e rica. Abomino telejornais onde se fala do romance Cristiano Ronaldo e Paris Hilton numa espécie de jornalismo cor-de-rosa que não fica bem nem se compadece com aquilo que a rtp1 é: serviço público. De facto, abrir uma secção desportiva, num fim-de-semana em que se realizavam em Portugal importantes provas de atletismo, com a noite romântica de Cristiano com uma moçoila que tinha o rabiosque à mostra, por mais audiências que isso dê não se compatibiliza com o dinheiro dos impostos dos portugueses (ou talvez sim… é muito mais agradável para o português médio ver o rabinho de uma menina loira do que uns tipos suados a correr)
Mas bem que me afasto do tema inicial. De facto, não sou admiradora de futebol mas tenho uma quedazinha pelo Benfica. Queda de família e também porque não suporto o elitismo do Sporting nem os morcões do norte. Prefiro ser da verdadeira populaça. Depois porque tenho alguns parcos conhecimentos de direito que me permitem perceber o que se passou nestas fantásticas eleições. Atrevo-me a dizer que se os portugueses fossem todos benfiquistas as eleições europeias não teriam tido o nível de abstenção que se verificou. A populaça acudiu em massa e votou em Vieira. Entende-se! Antes um tipo arrogante à frente da nação benfiquista do que um tipo que tinha… nada mais nada menos… que sotaque do norte. Mas então o senhor, não via logo que com um sotaque daqueles, a fazer lembrar estações de serviço assaltadas em excursões de autocarro, Carolina Salgado e companhia, humilhações e golos sofridos, dias negros e tristes, com um sotaque daqueles dizia eu, nunca na vida que seria eleito?
Pior que gente incompetente seria um senhor do norte a decidir da nossa catedral, a blasfemar contra um treinador contratado e contra uma instituição nacional que podia ser pai dele.
Se o senhor tinha razão ou não… não posso acrescentar muito para além do que foi escarafunchado nos canais televisivos. Do que percebi, no meio da confusão, alguém se demitiu. Sendo assim não poderia, de acordo com os estatutos do clube candidatar-se a eleições no prazo de seis anos… Se assim é, evidentemente as eleições podem ser impugnadas, não passando de um acto inválido porque quem se candidata não tem legitimidade para tal… Resta saber se é efectivamente assim…
Poderia ter-me informado antes de escrever esta crónica mas este assunto enjoa-me como espinafres cozidos. Fica então por alto e pouco rigorosa esta crónica, com a ressalva de algumas ideias… mesmo que as eleições sejam impugnadas o senhor do sotaque inimigo terá grandes dificuldades em permanecer à frente da nação vermelha, tendo apenas 2% de votação… foram apenas 500 e poucas pessoas a votar nele. Se por um acaso envolvesse essa coisa da justiça e levasse a bom porto as suas pretensões, tal seria o caos a ponto de se dar, não um novo vinte e cinco de Abril mas autêntico regicídio. Que isto da populaça, quando lhe calcam os calos torna-se perigosa. Que o diga Nuno Gomes, um jogador tão fantástico, a marcar dezenas de golos, sempre com o cabelo aprumado e a salvar o clube… e os adeptos sempre contra ele, em revoltas carnificinas…
E viva o Benfica.

Ah enjoativo enjoativo foi ter de ver estas eleições a abrirem todos os telejornais. Sinceramente. Nem um Benfiquista aguenta.

sábado, 23 de maio de 2009

A vitória do clube: eu odeio Manela

Já disse a minha opinião aqui sobre o jornalismo fantástico de Manuela Moura Guedes. Tentei sobretudo ter um estilo mordaz e irónico porque não é de mim fazer peixeiradas. Mas houve alguém neste país que finalmente fez aquilo que devia ser feito e respondeu, no tom necessário e único que a senhora conhece. Foi lindo de se ver e lindo de se ouvir. mas não quero deixar de dar um recado ao doutor Marinho Pinto: Senhor Doutor, ir a casa de alguém, ser convidado de honra e tratar mal o anfitrião não é boa educação... Pior que isso! É como roubar o cordeiro ao lobo dentro da toca dele. Muito cuidado. E outra coisa! Isso de calar a senhora jornalista porque berra mais alto que ela, também eu. Basta ter uma voz forte e ar ameaçador, olha que dificil! Queria era vê-lo a calá-la ao mesmo tempo que lhe sorria e dizia com boas maneiras que a senhora não sabe o que é um código deontológico. Queria vê-lo a embatucá-la enquanto lhe afirmava que nem jornalismo sabe fazer. Agora gritar! Isso também eu!
Mas Parabéns, senhor Doutor. Parabéns.


P.S. esta noite Sócrates e Marinho Pinto vão fazer festa de pijama e celebrar a primeira vitória do clube "Eu odeio Manela". Manela responde com vodu. Caso para dizer: Porreiro pá!

domingo, 10 de maio de 2009

Tá e não está!

Já falei uma vez do meu programa favorito da SIC: o está a gravar… perdão tá a gravar (repare-se que tá em vez da palavra está demonstra, desde logo, toda a qualidade televisiva que aí vem). Sem dúvida que sou a primeira fã de tal qualidade, das deixas mordazes e inteligentes, da mistura de vídeos caseiros em que crianças caem no chão, no rio ou na neve, com verdadeiras desgraças em que ciclistas se matam em montanhas, inundações matam pessoas em carros e tantas mais. Basicamente é uma espécie de youtube para quem não tem Net, com a complementaridade dos comentários absolutamente inteligentes de uma miúda que apresentava programas para crianças e que nunca abandonou esse formato e de um homem que se sagrou a fazer passadeiras vermelhas do big brother (Telmo, Telmo o que sente agora que deixou a sua Célia lá dentro?).
Até entendo as audiências de tal programa. Anda tudo chateado com a crise, em pânico com a gripe suína que, segundo a tvi ,vai matar dois milhões e meio de pessoas… O que se quer mesmo é rir com estupidezes e palhaçadas. Óptimo! Mas porque não o fazer com um pouquinho mais de classe? Porquê alienar a população portuguesa com tanta porcaria, sem ponta por onde se lhe pegue? E porquê tanto tempo de programa? Uns trinta minutos não seriam suficientes?
Nada! Nada de jeito, nenhuma inteligência, nenhum sentido de oportunidade. Reduz-se apenas a audiências que se traduzam em dinheiro. Já cansa. Por favor! Não martirizem mais com tanta idiotice. Façam jus ao dinheiro que recebem.

Alguém me conta o que é feito do conta-me?


Tinha a rtp1 como um canal televisivo imune à guerra de audiências, mais importado em dar aos seus telespectadores aquilo para que é pago: verdadeiro serviço público. Mas vai-se a ver e são asneiras atrás de asneiras. A mais grave sem dúvida foi a retirada da série conta-me como foi do ar, para só a voltarem a passar no verão. Não se entende porque é que tendo tantas hipóteses para passar um programa denominado “febre da dança” o tinham de colocar no horário de uma das melhores séries de sempre. Será por acaso para contrabalançar o programa da tvi “Uma canção para ti”? É que se neste último falamos de um formato em que crianças cantam durante toda a noite, no novo programa da rtp1 são jovens até aos 16 anos que dançam. A diferença é tanta que mal a encontro.
É este de facto o serviço público. Se podemos apresentar uma alternativa a um programazinho da tvi, com uma série fantástica, descartamos essa ideia e pomos no ar um programa nos mesmos moldes. E viva a diversidade!

Socrates vs TVI! Chamem o exército pois estamos em guerra


Aqui estou eu depois de uma longa ausência… que no fundo é compreensível. Ninguém aguenta muito tempo seguido em frente à Tv.… bem, pelo menos ninguém com uma sanidade mental saudável. Enfim, afastei-me dos ecrãs da televisão… mas dado as últimas atrocidades não consigo resistir e dar a minha parca opinião.
A guerra entre a tvi e o Sócrates, em ano de eleições é ridícula. Ridícula com todas as letras e em todos os sentidos que a palavra possa ter. Ridícula. E atesta a minha opinião de que a comunicação social devia ver as suas intervenções limitadas.
Por favor não venham cá com o escudo, com a arma mortífera que tudo justifica da liberdade de imprensa e liberdade de expressão. Porque já chega de dar essas desculpas para todos os alarmismos, para todas as estupidezes. São as televisões as primeiras a esquecerem-se do vinte e cinco de Abril, a tvi neste feriado nem passou nada alusivo à data a não ser uns quantos filmes a anunciar feriado. Mas quando se trata de justificar todas as idiotices com que presenteiam a população, lançam como um raio a liberdade de expressão, ganha arduamente com o vinte e cinco de Abril. Não há paciência.
Repare-se que não tenho inclinação política ou, pelo menos, nenhuma inclinação que possa justificar esta minha pretensa defesa do nosso primeiro (ministro, entenda-se). O que acho é que esta palhaçada das sextas-feiras na tvi, com uma Manuela Moura Guedes a dar de dois minutos em dois minutos a sua fundada e letrada opinião, com palavras banais e corriqueiras acerca do país e do mundo, tentando chegar a todos os extractos da população, não se entende. Pensará ela que todo o povo português tem apenas a instrução primária e não percebe outras palavras que não “bronca”? E depois, sejamos francos, que raio de ideia é essa de todas as semanas passarem uma notícia que tenta de tudo por tudo descredibilizar o nosso primeiro-ministro? Não é que ele deva ser imune a tal, mas passar os primeiros vinte e cinco minutos do telejornal com notícia atrás de notícia sobre o pobre do homem, uma atrás da outra não se aguenta. Chegaram ao ponto de ir buscar o registo das partilhas da mãe!
Numa primeira etapa lançam um CD em que alguém afirma categoricamente que Sócrates recebeu subornos, CD sem imagem. Na semana seguinte passam o mesmo CD mas com imagens distorcidas. Como a dúvida se mantém, na semana seguinte passam imagens nítidas do mesmo CD. Afinal, será que não tinham as imagens logo na primeira semana? Para quê isso?
Estamos num país sem eira nem beira é certo. Mas gostando-se ou não, nenhuma outra pessoa apareceu com melhor qualidade para substituir o Sócrates. Basta olhar para a oposição… Sinceramente, pondo de lado qualquer preferência partidária quem de entre aquela gente pode conduzir este país? Ninguém. E por isso é que as sondagens lhe dão a vitória e se fala num bloco central.
Ora não é atacando-o de forma mesquinha e patética que se ajuda ou se muda as coisas. Porque se aqueles jornalistas são tão bons a dar opiniões, se Manuela Moura Guedes é tão letrada que tem opinião sobre tudo e de tudo, porque não vai mais além e indica soluções válidas, verdadeiramente válidas para ajudar? Não seria bem mais útil que nos presentear com as partilhas do nosso primeiro?
Jornalismo não é isso, não devia ser isso. Jornalismo não é atacar por atacar, não é lançar o pânico e o medo… Isso é sensacionalismo. E é ridículo. Mas de que me espanto eu? Estamos a falar da tvi Santo Deus! Bem-vindos ao inferno!
Qual será a próxima noticia? Talvez que Sócrates comprou cuecas amarelas para oferecer a um namorado? Oh desculpem, que cabeça a minha, já falaram sobre isso.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Duas pequenas notas:

Primeiro, vou informar a tvi que nome da próxima novela deverá chamar-se "apanhei-o na cama com a minha sogra". Duvido que as pessoas que votaram sejam fãs assiduas das habituais histórias de tal canal mas pronto. Fica o apontamento. Em breve uma nova sondagem será lançada.
Ponto dois: óptima aposta da rtp1 em apresentar uma peça de teatro na sexta feiraà noite. O casamento da condessa de amieiro foi sem duvida uma lufada de ar fresco na programação que vai passando na tv. Finalmente. E viva o serviço público!

A tristeza do empate



Desde já declaro que fico triste se Portugal não for apurado para o mundial de futebol. É verdade. Não se pense que é devido ao mero facto de ficar com o orgulho diminuído ou porque já comprei a bandeira (feita pelos chineses e que portanto está toda errada) para pendurar no quintal. Não. Primeiro porque o meu orgulho (?) de ser portuguesa extravasa, vai muito para além de, não tem mesmo nada a ver com um campeonato de futebol. O meu orgulho de ser portuguesa relativamente ao desporto centra-se todo nos para olímpicos, que pouco ou nada são falados e que com pouco apoio e as respectivas limitações têm resultados fantásticos. Vai também para atletas como Vanessa Oliveira por exemplo, que com humildade e modéstia fazem o que têm a fazer, sem nada lhe subir à cabeça. Segundo, porque acho ridículo termos todos a bandeira à janela quando muitas das vezes não se sabe o que significa, nem minimamente o hino de Portugal.
Mas fico triste se Portugal não for ao mundial e isto porque a alternativa dos nossos telejornais é passar a crise económica das 20 horas às 21 nos canais generalistas, da meia-noite à meia-noite nos canais por cabo. Portanto, agradecia aos heróis nacionais, aos tipos que ganham a massa para marcar golos, aos homens que para correr atrás uns dos outros têm mais pilim do que pessoas que salvam a vida a outras, que façam alguma coisa, melhor que façam a única coisa que sabem fazer, ou que pelo menos deviam.
Repare-se que um funcionário que não apresenta resultados é despedido, um médico que comete erros é processado por negligência médica, um advogado que perca casos fica sem clientes. O próprio primeiro-ministro se não agradar não é eleito (a não ser claro no país fantástico que é Portugal). Mas os nossos ídolos, se não marcam, coitados acontece, pobrezinhos já basta o desgosto deles, porque coitadinhos fizeram tudo o que podiam, sofredores, basta bem o castigo que corre dentro deles.
Como não tenho paciência amigos, corram na proporção do dinheiro que ganham e façam alguma coisa. Ou o melhor jogador do mundo só é bom quando tem ao lado jogadores igualmente bons? Isso não é mérito! No, no! Será que esses senhores não se apercebem que movem emoções de milhares de pessoas, que movem milhares de euros e que deviam fazer alguma coisa? Que as desculpas sem sentido já são mais que esfarrapadas?
No entanto, se os nossos telejornais se comprometerem a dar ao atletismo, ao judo, à natação, ao voleibol e aos outros desportos o tempo de antena que dão a esse desporto que é o futebol, então quero lá eu bem saber que os heróis nacionais não saiam do país para representar as cores de uma bandeira que não é de todos (hoje ouvi um jogador da selecção com sotaque brasileiro). Se fico triste pelo não apuramento é porque a alternativa são as notícias de desemprego, drama e horror. Ora entre sangue e circo que venha lá o circo!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Está a gravar a estupidez humana! Ao menos que fique bem gravada


Está a gravar a estupidez humana! Ao menos que fique bem gravada

Late night de Jimmy Fallow é sem dúvida um dos melhores talk show da actualidade. Tento não perder um na sic radical. É fantástica a naturalidade, os diálogos, as entrevistas, a desafectação dos convidados que por ali passam. Sou absolutamente fã. E entristece-me que nós, na televisão portuguesa não consigamos fazer algo semelhante. Já tentamos, desde o Herman Sic à Sexta à noite do Malato. Mas se num, a ordinarice (quem não se lembra das meninas a aparecerem com cartazes, desnudas da cintura para cima?) e o insulto a alguns dos convidados era uma constante, noutro, depois do primeiro programa onde foi convidada a grande Marisa, o sem sal, a sonsice e o desinteresse eram o prato do dia – ou neste caso da semana. Não será por nada que durou tão pouco.
Hoje é quarta feira. O estudo acumula-se em cima da secretária e daqui a uns dias começo a entrar em pânico pelo desleixo. Mas por enquanto nada! Não tenho feito nada de nada senão procurar coisas interessantes na tv. Resultado? Nada! Agora estou a ver o fantástico programa “está a gravar”, o só vídeo dos tempos modernos. E explica a apresentadora: vamos ensinar-lhe como ensinar o seu cão a fazer as necessidades sempre no mesmo local. Ao que responde o apresentador: será que isso também resulta com os idosos incontinentes que temos na família? Ao que eu respondo: cala a boca! Será que estes senhores da televisão não pensam minimamente um pouco antes de falar e dizer as barbaridades que somos obrigados a ouvir? Nem com teleponto? Ele é que devia ser ensinado a dizer as porcarias sempre no mesmo local, ou seja, em casa onde ninguém o pudesse ouvir!
Deduzo que este tipo de programa tenha alguma audiência e entendo! Para contrapor às absolutamente originais, inovadoras e únicas novelas da tvi só um programazinho destes! Onde nada se tem para dizer e vídeos absolutamente ridículos se sucedem uns atrás dos outros mediados por comentários mordazes e sagazes. Santo Deus! Como é que as pessoas conseguem ver isto mais do que dois minutos? Como é que alguém se sujeita a semelhante tortura?
Não aguento mais nem um minuto. Antes uma das novelas. Nem aí se vê uma amostra de tanta estupidez humana. Haja paciência!

terça-feira, 24 de março de 2009

Feliz e contente! Apanhei-o na cama com minha sogra está a ganhar! Não posso crer! Mais feliz e contente pelas 54 visitas até ao momento. Sinal de que valeu a pena pôr em causa a minha sanidade mental! E por falar em sanidade, duas notas:
A MTV para além dos programas (des)interessantes e estupendos como "quero ser um hilton" ou "a melhor amiga de sempre de paris hilton" decidiu passar na sua grelha (ao lado de verdadeira musica) as just girls. Estou enlevada com tanta qualidade e confesso que foi a primeira vez que as vi, numa musica de principio ao fim! Fascina-me que depois dos excesso ou tentações ainda haja lugar para musicas com tão bom conteúdo. Pensei que mensagens tão importantes como as que elas passam já estivessem esgotadas. Magnetizada com tanto atributo, tanto brilho quase que pondero ver Morangos com açucar! Por favor não me deixem suicidar dessa forma!
Segunda nota! É fantástico o tempo a que a informação voa. Ontem as televisões abriram os seus espaços noticiosos com o sporting a ter-se demitido. Noticia da sic: Sporting vai demitir-se da liga de clubes!!! Dois segundos depois, tvi passa: Sporting já se demitiu da liga de clubes! E agora? Como viver nesta dúvida insanável?

segunda-feira, 23 de março de 2009

Atreve-te a estar calada


Hoje é segunda, dia 23 de Março de 2009. Finalmente é segunda-feira e posso recomeçar a minha vida. Não de todo normal porque pressinto que devido ao traumatizante fim-de-semana por que passei, o meu cérebro tenha ficado com lesões irreversíveis. Mais do que aquelas que já eram evidentes.
Ontem pensei que não mais seria normal. Não fosse o conta-me como foi na RTP1 e teria dado de vez em maluca. A tarde foi simplesmente um festival dos horrores, desde programas que não lembram ao menino Jesus na tv record, a filmes ultrapassados em todos os canais generalistas. Cheguei ao cúmulo de ver os caça fantasmas no Holliwodd.
Mas o pior de tudo foi á noite depois do conta-me. Feliz e contente depois de mais um episódio da minha série favorita, numa ingenuidade louca e num esquecimento rápido, pensei que os outros canais conseguissem apresentar algo, no mínimo, com a metade da qualidade. Triste engano.
O programa de todos os tormentos apelida-se ATREVE-TE A CANTAR, e é apresentado por essa senhora da televisão: Bárbara Guimarães. Quem numa primeira fase não se aperceba do nome de tal show, é mimoseado ao longo de uma hora, 60 minutos Meu Deus, com todos os trocadilhos acerca da palavra atreve-te.
Em cada programa há um tema que a querida Bárbara, com uma voz potente e gestos ensaiados vai desenvolvendo enquanto os concorrentes cantam músicas de Karaoke. Enfim. O programa típico de entretenimento, sem nenhum tipo de conteúdo! Confesso que até poderia ser saturável, não fossem as expressões magníficas, de pura sabedoria e sensibilidade, sentimento e melindrice que a apresentadora nos presenteia.
Vejamos. O tema de ontem era a primavera. Foram seleccionados um senhor e uma menina. O senhor foi eliminado e com toda a poesia e erudição Bárbara lança a seguinte frase: continue assim com “as raízes profundas do seu coração”. Fiquei comovida. Qual Fernando Pessoa, qual Miguel Torga! Numa segunda eliminatória a poetisa volta a declamar : foi uma rosa de alegria, nunca deixe murchar esse atrevimento. Nesta frase mais elaborada, Bárbara demonstra-nos a sua sensibilidade que completa: não há amor sem flores, nem paixão sem frutos. Minha querida. Isso era um trocadilho? Que malandrice! Pois não sabe que é possível haver paixão sem frutos? Ou é uma seguidora convicta das ideias do nosso querido e avançado papa? E por falar em trocadilho, com um ar cúmplice a apresentadora diz: É só um bárbaro conselho! Bárbaro, perceberam? Dito pela Bárbara! Lá está! A erudição.
Para completar, a pérola das pérolas: tudo isto é Primavera, tudo isto é inspiração! Como se alguém duvidasse que tanta sapiência não fosse inspiração dela! O engraçado é que não me lembro destas tiradas no programa chuva de estrelas! Terá aprendido com o marido? Talvez! Só alguém da política consegue semelhante feito!!!

domingo, 22 de março de 2009

Relato pormenorizado de um tarde/noite de TV. porque se eu sofro, vocês também!


Relato pormenorizado de uma tarde/noite de Tv. Porque se eu sofro, vocês também!

19:00 E aqui estou eu, novamente de frente ao computador e do Steve. De certeza que o meu pobre Steve - the tv - está mais que cansado. Porque ninguém aguentaria, quase vinte e quatro horas seguidas sem parar, programa atrás de programa.
Durante a tarde voltei a adormecer, costas para um lado, pernas para o outro, uma dor de ossos tremenda. Começo já a ressentir-me desta maratona televisiva e não sei o que esperar disto, porque tirando um leve zumbido, nada resta acerca dos programas da tarde.
Entre filmes já vistos por dezenas de vezes na tvi, um jogo da taça entre Sporting Benfica na SIC e uma novela na rtp1, os canais generalistas não trazem nada de novo. Portanto andei desesperadamente à procura de algo. Parei na Tv record. Era um programa qualquer do qual eu não me lembro o nome onde um bando de rapazes, bastante feio por sinal ( a contrastar com apresentador que foi do melhor que vi durante a tarde) tentava desesperadamente convencer raparigas a sair. Alguns tinham sorte, outros nem por isso. E eu abanava lentamente a cabeça sem perceber que o tempo ia passando e eu continuava a ver. Às tantas uma dupla sertaneja cantou qualquer coisinha e eu sem mudar. Quando dei conta estava entusiasmada, fazendo coro com o publico em altos gritos beija beija. E só quando acabou com os parzinhos absolutamente embebidos uns nos outros me apercebi do mais fundo onde fui cair. Porque beijinho, só se for mesmo com o Steve!

20:51 Jantei absolutamente fascinada por não ter um barulho de televisão a martirizar-me os ouvidos. Mas já voltei ao meu posto. O SPORTING acaba de marcar um golo que segundo o senhor da televisão inaugura o marcador. Estou nauseada. Abomino futebol.
Quando era miúda, adolescente, adorava futebol. Via nos jogos aquilo que eles não deviam deixar de ser: jogos! Imaginava que aquelas alminhas, que corriam suadas atrás de uma bola eram boas pessoas, que conseguiam levar na boa o espírito e a amizade de um jogo, onde não se fazia distinção entre brancos e pretos e a maior disputa era por uma falta. Depois fui-me apercebendo do quão idealista isso era. Futebol não é mais um jogo mas uma máquina de fazer dinheiro. Aquelas alminhas são no fundo, na sua grande maioria, uns broncos sem educação e pouco mais que instrução primária que lançam autênticas pérolas sempre que falam. Pior! Se não fazem distinção entre brancos e pretos fazem entre azuis, verdes e vermelhos, numa autêntica guerra sem sentido onde se desferem insultos, pauladas e mordidas! Não há paciência!
Sejamos francos (mais tarde pronunciar-me-ei sobre isto de forma mais clara). Um povo que proclama unanimemente como ídolo nacional um jogador de futebol, demonstra a cultura que tem! Quando há uns dias um determinado senhor foi considerado o melhor jogador de futebol do mundo pensei que nunca mais veria televisão! Em todo o lado se falava dele. Fizeram-se programas sobre tudo da vida dele. Conspurcaram tudo do senhor, desde o gel do cabelo às cuecas. Mas a gota de água foi quando num programa da rtp1 que trata normalmente de coisas graves e importantes, debates imparciais e sérios se decidiu fazer uma das emissões dedicadas ao senhor! E o pior! Pior mesmo quando a jornalista que podia aproveitar para fazer qualquer pergunta importante (pretende ajudar alguma associação humanitária com os milhares que ganha ou é mesmo só para as suas cuecas de ouro?) lhe pergunta: e namoradas?
Pão e circo que se dá aos pobres. O mais grave é que nestes tempos já nem se dá pão mas somente circo! E nós, que vivemos todos os dias no mundo real, contamos os € até ao final do mês, deixamo-nos ir, insultamo-nos mutuamente por senhores que vestem do bom e do melhor, comem do bom e do melhor e estão tão preocupados connosco como eu com eles: nada.
Neste momento, no jogo, os adeptos atiram garrafas de água uns aos outros, arrancam cadeiras num ódio cego! Talvez muitos deles quando chegarem a casa não tenham do que comer, estejam desempregados e alcoolizados. Mas depois de um jogo como este a vida faz muito mais sentido! Pobres dos pobres que são pobrezinhos.

Mudo para a SIC radical para ver daily show, um talkshow fantástico. Finalmente televisão decente, onde posso rir com piadas verdadeiramente inteligentes. Já não era sem tempo. Evidentemente que não podia ser português.

21:49 Não resisti a mudar novamente para o jogo, numa curiosidade mórbida de saber se o motim foi mais forte. O jogo prolonga-se a pénaltis. Nada de mortos. Golo atrás de golo. Já agora espero pelo resultado. O Sporting vai com vantagem. Há pessoas que choram. Estão novamente empatados. E diz o senhor que se alguém agora marcar e outro falhar acaba o jogo. Quim defende. Um jogador encarnado marca. Resultado final: o Benfica ganha. Se fosse há uns anos estaria em delírio. Afinal eu era Benfiquista. Toca a mudar de canal!

sábado, 21 de março de 2009

Da qualidade dos programas da manhã: o meu filho (o dela) tem sete anos e ainda mama

São 12 horas e tinta e três minutos de sábado, dia 21 de Março. O começo da Primavera. Um sol radioso. Os pássaros cantam. E eu, aqui estou, com Steve - the tv, o meu novo e melhor amigo. Passei o olhar vago e enevoado por todos os canais. Dói-me a cabeça, as costas e o rabo. Nenhuma posição é boa e o Zé, o meu peluche está caído no chão, feliz da minha companhia.
Depois da novidade e euforia desta minha nova decisão começo a esmorecer e tive até a primeira discussão com o Steve. Ontem adormeci com a luz acesa e o comando na mão… e qual não é o meu assombro quando acordo com um senhor aos gritos a falar de sexo anal. É verdade. Não sei como, carreguei no botão do volume e tive o prazer de acordar com um programa da tvi 24 chamado Aqui há sexo. Demorei a perceber o que se passava e a descobrir o comando. Discuti com o Steve claro por me ter tirado dos meus mais inocentes sonhos com um tema tão… profundo. E já não consegui mais dormir decentemente… Toda a noite aquela voz me perseguiu em sonhos, imagens terríveis a perscrutar o meu cérebro.
Começo a perguntar-me portanto, se será esta uma boa decisão. Por ora continuarei, procurando com incessante curiosidade boas novas da Tv. Mas penso já que será tarefa árdua. Desde logo porque é fim-de-semana. E se tenho a Lucy a atirar baldes de farinha para crianças aos saltos e a Bárbara Guimarães a tentar cantar num programa tão instruído como ela, não tenho a Julinha, a Fatinha e o Gouchinha a animar as manhãs e as tardes com os mais cultos e selectos programas. Como vou sobreviver sem as músicas foleiras, sem as rodas e as árvores que dão dinheiro e sem temas tão fantásticos como aquele que tive a oportunidade de ver há uns dias atrás no Fátima: o meu filho tem sete anos e ainda mama! Vai ser um fim-de-semana árduo, oh lá se vai!
Continuem. Prometo pôr-vos ao corrente!

P.S.) Ah! A solução para o caso da senhora que produzia leite em abundância durante sete ininterruptos anos era simplesmente tomar determinados comprimidos e parar de dar a mama ao filho. Informação de uma médica que ligou para lá. Evidentemente que se a senhora tivesse ido ao médico de família este não a teria informado do procedimento. Porque é na televisão que se resolvem estas coisas. Parece que só lá os médicos decidem dar informações tão relevantes! E nós a ver!

A mais desgraçada desgraça da televisão: um anuncio da rdp


Deixando de lado os porquês da minha decisão deste novo blogue (o último foi acerca de momentos tortuosos de uma depressão – se bem que duvido seriamente que este também não seja tortuoso) quero afirmar desde já que grande parte dos meus comentários serão acerca desse canal generalista de grande qualidade: a tvi! E mais especificamente, acerca das noticias fabulosas que por lá são noticiadas. Mais do que isso, a forma como nos são transmitidas!
Vamos por partes. Quando anunciaram o tvi 24 o meu coração disparou. Vinte e quatro horas seguidas de televisão da melhor qualidade, com gente bonita aos gritos sobre horror, os gatunos, os terramotos e a peste, os gafanhotos e a horta estragada do ti Zé, a chuva que o Governo manda no Verão, o sol que estraga a neve no Inverno (por culpa evidente do Governo, que não suborna decentemente o São Pedro)! São vinte e quatro horas seguidas, repare-se VINTE E QUATRO horas, do mais puro e melhor entretenimento. Nenhuma sala de cinema consegue passar nas suas entranhas tamanha qualidade, tamanha desfaçatez. Fiquei histérica! Completamente histérica. E depois, quando uma semana antes o almejado canal colocou, ao jeito das obras pólis, um painel a dizer faltam quatro dias, doze horas e vinte e dois segundos, pensei morrer de tanta emoção. Na estreia lá estava eu, colada ao televisor, numa vontade enorme de entrar para as suas profundezas e abraçar com todas as minhas forças tão almejado canal. Obrigado Senhor por tamanha alegria.
No entanto até hoje não voltei a olhar com olhos de ver. Porque sinto medo de não aguentar o baque. Repare-se que faço o sacrifício de ver meia hora por dia de notícias televisivas no tvi generalista. E dá-me uma dor profunda em todo o peito por tanta qualidade artística. Se fosse olhar para vinte e quatro horas de tamanha amostra teria um ataque cardíaco de certeza.
Mas não nos desviemos do assunto que me traz cá hoje e que serve de título a esta crónica: um anúncio de televisão. O drama e o horror noticiado por Manuela Moura Guedes devido ao facto da democracia nacional estar totalmente abalada por um anúncio protagonizado pela RDP acerca de uma manifestação que juntou 200 000 portugueses. O caso é simples. Um senhor vai no carro e liga para um fórum de rádio. Durante a conversa a locutora diz-lhe para não ir por certa estrada devido ao facto de ela estar cortada. O senhor pergunta-lhe porquê e ela fala da manifestação. Contra quem? Diz o homem? Ao que a locutora responde: Desta vez parece que é contra si!
Nada de mais. Quer apenas demonstrar que devido às manifestações, greves e outras demonstrações públicas de revolta nacional, muita gente vê as suas tarefas diárias irem por água abaixo. Apenas uma outra maneira de ver a coisa. Nada abalador da democracia! Porque a democracia funda-se nisso mesmo: na liberdade de ver as realidades, no facto de todos os prismas poderem ser abraçados. Às vezes, com a necessidade absolutamente forte de se tentar ser democrático cai-se no extremo oposto, condenando tudo e todos que não o são.
O que me encantou na notícia foi a forma absolutamente encantadora como foi dita. A expressão da Manuela com beicinho, o ar totalmente revoltado dá-me náuseas. Porque se há alguma coisa que a tvi goste de demonstrar no seu espaço noticioso é a forma como faz televisão imparcial e limpa defendendo os pobrezinhos. Coitadinhos dos pobrezinhos que são pobrezinhos! Outra coisa que também faz é sentir-se atacada por todos, como se fosse a profeta do novo tempo, a imparcial, a única voz da verdade e como tal o alvo a abater. Quer-me parecer que se for efectivamente o alvo a abater é por tudo menos pela sua forma profissional de fazer jornalismo.
Para concluir, ainda quanto ao abalo da democracia, não quero desde já pronunciar-me acerca de greves e manifestações mas apenas deixar o recado que tão sabiamente um dos seguidores deste blogue (vizeu) me disse: Se a senhora dona Moura Guedes quando decidiu fazer a operação ao rosto, a visse ser adiada pela décima vez porque o médico estava em greve, talvez tivesse outra ideia acerca dos abalos e dos rombos à democracia. Antes de se falar em constitucionalidade e encher a boca (já de si grande) com palavras de direito, desça-se à terra, sem dramatismos nem fatalismos. Transmissão da notícia tal como ela é! Para isso serve o jornalismo!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Um novo olhar

Tirando as épocas de exames, em que qualquer coisa que não seja estudar é bem-vinda (e digo mesmo qualquer coisa, visto que sou capaz de ficar horas deitada a ver as televendas com o ar mais interessado do mundo) não sou grande adepta de televisão. Confesso que tenho um pacote de canais bastante alargado e antes de dormir faço um zapping geral para avaliar da qualidade televisiva, mas tirando isso, a televisão não ocupa grande parte dos meus tempos. Até hoje! Sim, hoje, dia 20 de Março de 2009, quarta-feira, às vinte horas e trinta e cinco minutos. A partir deste exacto momento serei frequentadora habitual da caixinha mágica que muda os dias. Todos os meus segundos livres serão dedicados a ela e faço questão de documentar, passo por passo, essas fantásticas horas que passarei, eu e o meu peluche Zé, ambos deitados de costas, de lado, de barriga para o ar e de barriga para baixo, ao lado da TV serão certamente tempos de grande qualidade.
A Primavera está a chegar, o parque, ao lado do rio, costuma ser um dos meus sítios favoritos nesta altura do ano. Mas declaro aqui para mim e para o mundo, enquanto vejo os patinhos que o meu lugar cativo será de futuro a minha cama. Antevejo já grandes felicidades, grandes alegrias, grandes gargalhadas, grandes caminhadas mentais e um longo e árduo exercício físico porque terá de passar o meu polegar direito.
Televisão és neste momento o meu mais novo e melhor amigo. Prepara-te para a diversão.