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terça-feira, 7 de julho de 2009




Cristiano Ronaldo:
Olha lá pá! Tu desculpa-me esta carta aberta. Mas tens que ouvir umas coisas. Que sejas a transferência mais cara de sempre… tudo bem. Que ganhes 25000€ por dia… nada que me apoquente. Que conheças tão doces texturas como Paris Histon, Nereida, Merche Romero… pá, na boa. Que os telejornais percam na tua apresentação a um clube meia hora… não me faz mossa. Agora que me roubes as ideias meu grande vagabundo, não. Pá, se me voltas a roubar dos versos e fazer um discurso para centenas de milhar de pessoas a plagiar o que escrevo temos problemas. Porque se eu plagio e tu me plagias a mim temos o caldo entornado.
Joga lá a tua bola, move lá os teus milhões. Deixa a minha música em paz.
Sonho de menino? Sonho de nino jogar no real Madrid? Essa frase é minha pá. Sonhos de menino tem direitos de autor.
Cumprimentos:
Toni Carreira.

domingo, 5 de julho de 2009


Não posso deixar passar os fantásticos cornos, perdão chifres, com que Manuel Pinho decidiu presentear Bernardino Soares. Dito assim parece outra coisa. Por isso acrescento apenas que o senhor teve espírito, teve garra, teve coragem para fazer aquilo que apetece a todos os senhores da Assembleia que, num tédio de morte, esperam ansiosamente estes pequenos fait-divers para o tempo passar mais depressa.
Não tenho muito a dizer. Num debate da nação alguém se zanga, faz com os dois dedos o gesto de cornos para um deputado. Triste? Talvez. Eu não lhe chamaria tal nem acho sequer que seja motivo para o senhor se demitir. Pois que coisa. Eles matam-se uns aos outros com palavras caras. Usam eufemismos para dizer que são todos uns filhos da… senhora mãe deles. Aquilo é um circo, bem o sabemos. O senhor apenas fez aquilo que vai na mente de todos. Não foi nenhum insulto grave, não foi nada de outro mundo. Foram só dois dedos… mas um ai deus me livre, que somos todos pudicos, que somos todos santos. Que somos todos civilizados. Um ova que somos. Somos de terceiro mundo. Ele apenas perdeu as estribeiras. Mais. Se o senhor tinha de demitir-se ou ser convidado a tal não era por brincar aos bois e mostrar cornos. Era sim por dizer mentiras, por governar mal o país. Essa sim era uma causa. Não dois dedos levantados.
Deixemos a hipocrisia de lado. Apetece-me dizer-lhe, porreiro pá!

Eleições - parte II




Sei que já é tarde, já se passaram semanas sobre o assunto, mas não posso deixar em branco as nossas fantásticas eleições europeias. E tenho tanta ideia na cabeça, tanta coisa por onde começar que as coisas se me embaralham, em novelos mal feitos e, não sei por onde principiar.
Antes de mais parabéns ao justo vencedor. Foi espantoso e confesso que não estava à espera de tal resultado. Desde logo porque achava que os portugueses não iam muito à bola com Rangel. Mas vai-se a ver, e também eles, como eu, não foram muito à bola com Vital Moreira, um incompreendido, um pobre senhor atirado para os meandros da politiquice, para os debates malandros. É evidente que o excelso Professor teria graves dificuldades em afirmar-se.
Repare-se. Falo com conhecimento de causa. Foi meu professor durante um ano. E era aterrorizador. Esmagava-nos com a sua sabedoria. Entrava na sala, abria da sebenta e vá de falar, mandando piadas que nem todos compreendíamos (eu só me ria 10 minutos depois), lançando ironias finas, sem nunca nos olhar nos olhos (sempre em frente para não haver abusos de confiança) e com uma agenda tão fantasticamente ocupada que mal acabavam as aulas, ainda nem tínhamos tempo de digerir a informação, já ele tinha fugido, nada de dúvidas, os meus assistentes encarregam-se dessas ninharias. Uma vez pensei fazer-lhe uma espera mas tive tanto medo que não concretizei os meus planos. Limitei-me a ir às aulas com ar esmagado com tamanha sapiência.
Enfim. Sócrates achou ser uma boa opção um académico para a Europa. Um senhor com credibilidade (a não ser para os senhores do PCP que lhe têm tanto ódio com ao ex-ministro da economia, Manuel Pinho, no seu ataque directo a Bernardino Soares), um senhor com ar de avô, um certo sorriso de galã, muita experiência de falar em público, nome sonante nos círculos do saber. Tudo isso é certo. Mas Sócrates esqueceu-se que essas eleições seriam preponderantes para todas as outras, que seriam resultados importantes. Mais que isso, Sócrates como engenheiro (?) que é, não teve aulas de direito, não sabia do jeito de Vital Moreira. Não previu pois o ar arrogante com o qual o Excelentíssimo professor nasceu. Não previu a falta de jeito para campanhas. E ele bem que tentou. Mas os sorrisos eram sempre amarelos, o contacto com as pessoas enjoados, como que se todas estivessem infectadas com a gripe dos porcos… Sócrates não podia adivinhar que tudo nele, numa campanha como aquela, era forçado. Que não conseguia vencer os adversários em debates, que não conseguiu chegar às pessoas… a minha avó que tem a quarta classe ainda me adiantou, em jeito de confidência, Ai filha eu sei que o senhor foi teu professor mas não lhe vou com a cara.
E de facto, nunca pensei viver para ver, o meu excelso professor, que não nos olhava nos olhos para evitar abusos de confiança, em ombros no mercado do porto, de braços levantados, com um ar aterrorizado de frete. Sócrates percebeu. Deixou para outros o destino do país, esqueceu-se que era primeiro-ministro e lançou-se, em autêntica ama-seca a comandar as hostes, numa esperança em milagres. O milagre não se deu. Sócrates ficou avisado… antes convidasse um dos seus professores engenheiros. Talvez tivesse mais jeito para a coisa.

Já o PSD ganhou mas, em meu entender, perdeu em credibilidade. Não demonstro aqui preferências partidárias nem ideologias. Mas não posso concordar com a imagem de Rangel, no discurso de vitória, de braços levantado. Rangel que mal se pronunciou acerca do futuro na Europa. Rangel que tentou humilhar adversários. Um Rangel suado, histérico, rodeado por autênticos putos mimados da JSD, também eles suados, também eles histéricos, que se esqueceram que se falava de politica e não de futebol e interromperam o líder de duas em duas palavras. Crianças mimadas que celebravam um vitória talvez sem saber sequer quais as propostas do líder, que falavam uns com os outros atrás dele, limpando de dois em dois minutos o suor. Um mau aspecto tremendo, uma falta de ética e de saber estar lamentável. Abespinhei-me. Porque tornamos democracia em palhaçada, em crianças e adolescentes que tinham mais mérito em estar em casa dos papas a jogar jogos de computador e a espremer espinhas. Foi feio. Foi triste.
Talvez por isso, quando Manuela Ferreira Leite surgiu a canalhada tenha sido afastada e surgiram atrás dela também um professor meu, com credibilidade e um pouco de solenidade que o momento exigia.
A política é uma palhaçada, bem o sabemos. Mas depois de 60% de abstenção, o justo vencedor não ter a noção do disparate em que incorria e do circo que os seus pupilos laçavam, foi custoso de se ver. Porque os 40% que se dirigiram à s urnas viram ali, em horário nobre, o resultado dos seus votos. Palhaçada.
E viva a democracia.

Eleições - parte I



Esta questão do Benfica fez-me sair do exílio dos exames e dar ar de minha graça. De facto, tenho mais que obrigação de saber e ter opinião acerca do assunto. E isto desde logo porque me tenho por Benfiquista. Não doente, nem sequer sócia… tal seria ir contra o meu estado actual… ora, eu sou neste momento uma mulher desiludida com o futebol. Odeio árbitros e jogadores, mediatismo e férias de gente iletrada e rica. Abomino telejornais onde se fala do romance Cristiano Ronaldo e Paris Hilton numa espécie de jornalismo cor-de-rosa que não fica bem nem se compadece com aquilo que a rtp1 é: serviço público. De facto, abrir uma secção desportiva, num fim-de-semana em que se realizavam em Portugal importantes provas de atletismo, com a noite romântica de Cristiano com uma moçoila que tinha o rabiosque à mostra, por mais audiências que isso dê não se compatibiliza com o dinheiro dos impostos dos portugueses (ou talvez sim… é muito mais agradável para o português médio ver o rabinho de uma menina loira do que uns tipos suados a correr)
Mas bem que me afasto do tema inicial. De facto, não sou admiradora de futebol mas tenho uma quedazinha pelo Benfica. Queda de família e também porque não suporto o elitismo do Sporting nem os morcões do norte. Prefiro ser da verdadeira populaça. Depois porque tenho alguns parcos conhecimentos de direito que me permitem perceber o que se passou nestas fantásticas eleições. Atrevo-me a dizer que se os portugueses fossem todos benfiquistas as eleições europeias não teriam tido o nível de abstenção que se verificou. A populaça acudiu em massa e votou em Vieira. Entende-se! Antes um tipo arrogante à frente da nação benfiquista do que um tipo que tinha… nada mais nada menos… que sotaque do norte. Mas então o senhor, não via logo que com um sotaque daqueles, a fazer lembrar estações de serviço assaltadas em excursões de autocarro, Carolina Salgado e companhia, humilhações e golos sofridos, dias negros e tristes, com um sotaque daqueles dizia eu, nunca na vida que seria eleito?
Pior que gente incompetente seria um senhor do norte a decidir da nossa catedral, a blasfemar contra um treinador contratado e contra uma instituição nacional que podia ser pai dele.
Se o senhor tinha razão ou não… não posso acrescentar muito para além do que foi escarafunchado nos canais televisivos. Do que percebi, no meio da confusão, alguém se demitiu. Sendo assim não poderia, de acordo com os estatutos do clube candidatar-se a eleições no prazo de seis anos… Se assim é, evidentemente as eleições podem ser impugnadas, não passando de um acto inválido porque quem se candidata não tem legitimidade para tal… Resta saber se é efectivamente assim…
Poderia ter-me informado antes de escrever esta crónica mas este assunto enjoa-me como espinafres cozidos. Fica então por alto e pouco rigorosa esta crónica, com a ressalva de algumas ideias… mesmo que as eleições sejam impugnadas o senhor do sotaque inimigo terá grandes dificuldades em permanecer à frente da nação vermelha, tendo apenas 2% de votação… foram apenas 500 e poucas pessoas a votar nele. Se por um acaso envolvesse essa coisa da justiça e levasse a bom porto as suas pretensões, tal seria o caos a ponto de se dar, não um novo vinte e cinco de Abril mas autêntico regicídio. Que isto da populaça, quando lhe calcam os calos torna-se perigosa. Que o diga Nuno Gomes, um jogador tão fantástico, a marcar dezenas de golos, sempre com o cabelo aprumado e a salvar o clube… e os adeptos sempre contra ele, em revoltas carnificinas…
E viva o Benfica.

Ah enjoativo enjoativo foi ter de ver estas eleições a abrirem todos os telejornais. Sinceramente. Nem um Benfiquista aguenta.