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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal - Parte 2


É triste que o diga aqui, neste pseudo blogue sobre televisão, mas definitivamente odeio o Natal. Odeio as luzinhas a tremer, o frio e a neve, os pais natais assustadores dos supermercados com ares de psicopatas malucos (mas é perfeitamente normal que tenham esse ar depois de aturarem o dia inteiro miudos mimados a pedir brinquedos que não lembram a ninguém), os chocolates que comi às duzias até enjoar, as trocas de prendas sem utilidade. Enfim. Odeio esta quadra e mal posso esperar que acabe.

A prova provada desse facto incontestável aconteceu ontem, dia 22 de Dezembro às sete horas da tarde. Saí do escritório, com a porcaria das botas de salto a assassinarem-me os pés e fui à Bertrand do Fórum (passo a publicidade mas enfim) gastar o meu cheque oferta que alguém teve o bom senso de me oferecer como presente. Mal entrei na livraria perdi-me. Confesso que me transformo em criança mimada a ter de escolher apenas uma coisa perante as mil e trinta e duas que quero trazer. Livros e chocolates pôem-me doida, num outro mundo qualquer. quero trazer tudo, pego em todas as coisas e quase choro por ter de escolher só uma... uma tortura.

Passado uma hora e meia, esquecida da dor de pés e de costas, em pé, baixada, lutando absurdamente com um senhor que devia ter um problema qualquer na cabeça e que me seguia por todas as prateleiras com um ar doentio de maluco fugido, dois putos que se enrolaram no chão em bulha rasgando uma revista em pedacinhos e um senhor idoso que atravancou toda uma secção com um mapa mundi gigante que se desdobrava em metros, consegui fazer a selecção dos trinta livros que queria trazer para três.

Com a sensação de missão cumprida, com José Luis Peixoto, Eça de Queiros e Juliette Marillier nas mãos, ainda atarantada com o doido, os putos e o velhinho dirigi-me à caixa.... e não é que, pela primeira vez em toda a minha vida vi uma livraria com uma fila para pagar que chegava até à porta? Eram umas trinta pessoas à minha frente, que tenho a certeza levavam claramente livros para oferecer que na maioria nunca vão ser lidos, esquecidos em estantes até amarelecer. Resultado: depois de hora e meia para escolher três livros e meia hora na fila, vim embora sem nenhum. Com um ódio de morte a tudo o que sejam presentes e gente incontrolável a gastar como se não houvesse amanhã. E depois vêm os saldos. Olá consumismo!

1 comentário:

  1. quem te viu e quem te vê....:)
    o natal é assim:época de solidariedade, amor e compreensão...tal como acabaste de comprovar...

    acho que no natal as pessoas se revelam, tal como são...mal educadas e estupidas...que compram qualquer coisa se essa coisa tiver uma caixinha, nao interessa que não preste, tem é que ter a merda duma caixa para ir bonitinha num saquinho com um lacinho...é assim, a embalagem tem mais valor.

    e depois as trocas é uma coisa fantástica...há pessoas que vão trocar só para saber o preço...há pessoas que em vez de trocar por uma coisa que lhe faça falta, já que supostamente é uma lembrança da pessoa que ofereceu, querem é o dinheiro...

    ai, adoro este espirito natalicio...

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